22 de janeiro de 2010

Carlos Drummond de Andrade

Sempre fui lunática por leitura. Nunca soube muito bem o motivo de toda essa loucura, talvez mamãe tenha feito bem em me comprar aqueles gibis da Turma da Mônica e me mandar para todo passeio cultural de colégio, talvez meus colégios tenham cumprido bem a missão, ou talvez eu tenha mesmo nascido uma nerd sem cura. Uma criança, que adorava ouvir Marisa Monte, Paula Abdul e que assistia filmes da Disney e Top Gun em inglês, não pode ser normal. A verdade é que minha brincadeira favorita sempre foi de dar aula e eu sempre gostei de estudar, ler, aprender. Nunca fui uma aluna brilhante e participativa, não do meu ponto de vista, mas sugava tudo que me interessava. Às vezes acho que o que me favoreceu foi a curiosidade.

Mas, voltando à questão dos livros, sempre fui traça de biblioteca, rata de livraria etc. Mesmo assim, quando comecei a ter aulas de literatura no colégio, não peguei o espírito da coisa. Acho que determinadas matérias devem ter uma forma especial de serem ensinadas; o professor que obriga um aluno de 8ª série (hoje 9º ano) a ler Dom Casmurro, Diva ou Senhora não vai despertar interesse nenhum, né? Lia vários livros aleatórios em casa, mas, na hora de ler o que mandavam na aula de literatura, a coisa toda desandava. Só quando cheguei no meu 2º ano do Ensino Médio passei a gostar mais e entender, adorava os parnasianos e os românticos, o Barroco e o Arcadismo eram os mais chatos (assim como toda a literatura do período colonial) e os modernistas eram os meninos(as) dos olhos. A gente costuma se identificar com o que nos é próximo (historiadora mode: on).

Alguns modernistas me encantam um pouco mais do que os outros, mas nenhum mais do que Carlos Drummond de Andrade, que nasceu em 1902 e faleceu no mesmo ano em que nasci (87). Mas se foi sem deixar de conquistar o título de melhor poeta brasileiro de todos os tempos. Êta mineiro bom demais da conta, sô! (rs) Não vejo, nem nos poemas e nem nas crônicas de Drummond, nenhuma inverdade. Acho bonita a característica dele de tentar expor os sentimentos do homem da forma mais pura e real, partindo dele próprio para o geral.
Minha crônica favorita é Namorado, mas, como é longa, deixo só o link. Já os poemas... São tantos. "José", "Quadrilha", "Construção", entre vários outros. Talvez o que eu mais goste e mais repita por aí seja o "Poema das Sete Faces", em especial esse trecho:
Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Certas coisas mexem com a gente e, geralmente, são aquelas que dizem verdades, sobre nós ou sobre o que enxergamos. Carlos Drummond de Andrade era mestre em gerar esse tipo de sensação e, mesmo depois de morto, continua com essa característica muito forte.

Bem... Esse foi o ataque nerd mais grave dos últimos tempos! *medo* (rs)

Um comentário:

  1. Gostei da crônica. Drummond era foda mesmo. Somos nerds mas somos limpinhos. :****

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