21 de setembro de 2011

Nagasaki

Férias são o período mágico de descanso e relaxamento, onde as pessoas tiram folga do trabalho ou dos estudos, para viver um pouco ou só para dormir. Pena do corpo dessa pessoa que vos escreve, porque ele nunca descansa, mas sempre vive. (rs) Sim, sou dessas. Hiperativa toda a existência, não consigo ficcar mais de 2 dias sem fazer nada em casa. Os últimos (quase completos) 2 meses foram as minhas férias de verão e posso encher a boca pra dizer que VIAJEI E CONHECI MUITO. Então preparem-se para uma série de posts do “Por onde andei”...

Minha primeira parada foi a província de Nagasaki, ao sul do Japão. Seria extremo sul, se não fosse por Okinawa, mas é bem lá na pontinha, na ilha de Kyushu. Peguei meu espírito aventureiro, fiz reserva no hostel mais fofo da terra (Kagamiya), comprei um 18 kippu e fui de TREM NORMAL até lá. No Brasil chamaríamos a província de Nagasaki de roça, porque é mesmo isso aí. Plantações de arroz sem fim, cidades minúsculas e muita beleza natural. A capital, maior e mais famosa (por motivos não tão alegres), é um pouco maior e mais cheia de coisas pra fazer. Um lugar muito bonito, cheio de história e que eu passei a amar.
Nagasaki tem 447.419 habitantes e recebeu o estatudo de cidade antes de 1500, deixando o Brasil com a cara na poeira. (rs) O legal de Nagasaki não é só conhecer os locais marcados pela bomba (fato q deixou a cidade mundialmente conhecida), ela vai além... Talvez seja isso que faz da cidade tão diferente do q é Hiroshima, apesar de possuir também os famosos ‘street cars’. Primeiramente, é bom lembrar que Nagasaki não foi completamente destruída pela bomba, por ser cercada de montanhas; sendo assim, grande parte da história anterior a isso foi conservada.
Meu roteiro tentou cobrir o máximo de locais possível no tempo que eu tinha, já que gastei um dia inteiro pra ir e outro pra voltar. O primeiro lugar que visitei foi ‘Glover Garden’, um jardim com casas tipicamente ocidentais, construído por holandeses que viviam em Nagasaki nos séculos XVI e XVII. Não é muito animador visitar lugares de estilo comum para nós, mas é bonito e tem uma bela vista para a cidade. Saindo de lá passei na Oura Church, uma igreja católica que fica próxima ao outro parque e, por dentro, parece uma igrejinha barroca do interior de Minas. Foi a primeira vez que entrei numa igreja aqui no Japão.
O lugar que mais me facinou no primeiro dia foi, sem dúvida, o Templo Confucionista de Nagasaki. Que lugar fantástico e estupidamente lindo. Uma mistura do vermelho com as cores típicas de templos chineses, as estátuas de sábios... O Museu de História Chinesa, que também fica no mesmo lugar, não ficava pra trás e eu fiquei louca por ter visto pela primeira vez um Guerreiro de Terracota ao vivo. Eles são muito perfeitos, de tamanho real e tem até seus cavalos (tbm em tamanho real). Lindos, lindos.
Depois encontrei, do nada, uns amigos na rua (sim, sabia que eles estavam lá; não, não tinha combinado nada além do jantar) e fomos visitar mais locais. Um foi a Ponte Óculos, que tem esse nome por motivos visualmente óbvios. Outro foi Dejima. Dejima foi uma ilha artificial, construída na baía de Nagasaki no século XVI para ser um entreposto comercial entre o Japão e o exterior. A ilha era um lugar onde viviam somente os letrados, trabalhando sob comando de um capitão holandês. Em Dejima, fui abduzida por um senhor vestido de samurai que me deu uma verdadeira aula de história sobre o lugar. Foi fantástico.
Mas o dia seguinte foi aquele que mexe com a historiadora. Dia de Cerimônia da Paz, lembrando aquele trágico 9 de agosto. Depois de enfrentar uma verdadeira tempestade pra chegar no lugar, pude ver de perto e marcar na minha vida mais um dos meus ‘momentos’. Em Nagasaki a cerimônia é mais longa e existe uma inclusão de nomes de vítimas a cada ano. Mais uma vez presenciei a primeira aparição de um representante norte-americano em cerimônia da bomba, dessa vez lá. No lugar dos sinos e da música triste de Hiroshima, soa a marcante sirene de alerta de bombardeio e o som é de cortar o coração. O Parque da Paz de Nagasaki apresenta, também, estátuas doadas por diversos países em forma de homenagem e pedido de paz. O museu, apesar de menor se comparado ao de Hiroshima, é igualmente traumatizante e um soco no estômago da sociedade violenta que construímos.
Outro lugar marcante, além obviamente do epicentro da bomba, é a Catedral de Urakami, que foi completamente destruída pela explosão e reconstruída anos depois. A catedral mantém do lado de fora imagens multiladas pela bomba, como lembrança da destruíção que sofreu, além de apresentar a imagem ‘Bomb Mary’, que é a cabeça de uma imagem de Nossa Senhora, da qual apenas os olhos foram arrancados pela explosão.
Nagasaki é uma mistura de um passado mais antigo, com um passado recente marcante. Uma cidade linda, com pessoas amáveis e comida deliciosa. Lá é tradicional o ‘Castela’, que nada mais é do que o nosso bolo fofinho aí no Brasil. Outos pratos tradicionais são ‘Sara Udon’ e ‘Chanpon’, que misturam massas e frutos do mar. Se pretendo voltar algum dia? Com certeza!
O último dia em Kyushu foi passado, em grande parte, na cidade de Shimabara. Um lugar bonito, litorâneo, com aquelas praias vulcânicas bem cinzas, bastante plantação de arroz, pontos turísticos minúsculos e nada para se fazer... Essa foi a parte decepcionante da viagem. Por isso nem vou me estender muito nisso...

Depois de Kyushu, voltei a Osaka e parti para outra aventura. Mas isso fica pra um próximo post, senão fica muito longo e vocês não vão ler nada... Hahaha!




Um comentário:

  1. Aguardando ansiosa o próximo capítulo. Antevejo grandes emoções, pelo pouco que já sei... Hahahahaha!!!

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