5 de julho de 2015

Nova casa, novo trabalho, África do Sul, Japão e a saga da academia

Minha vida daria numa comédia bem boa, daquelas de doer a barriga de tanto rir. Sei disso porque eu mesma rio... Às vezes pra não chorar, mas rio.

Quase DOIS anos completinhos depois de dormir no topo do Monte Fuji, estou de volta. É aquela velha relação blogueiro-blog, que só as duas partes entendem. Você escreve enquanto as inspirações duram, daí você pára, depois você volta. Mas é gostoso voltar vendo o quanto o blog continuou vivo durante esse tempo. Bom saber que não escrevo só pra mim mesma.

Muita coisa mudou desde aquele agosto de 2013. O trabalho de doutorado, infinito e sofrido, acabou. Sou doutora (e, sim, isso ainda soa estranho pra mim... mas falamos sobre isso mais tarde!), voltei pro Brasil, trabalhei no Brasil, fiquei noiva no Brasil (UHUUUL!!!) e minha carreira me puxou pelo pé e me jogou na África do Sul.

Nascer do sol na África do Sul, visto do avião
“Mas menina, comassim?”, vocês perguntam. E eu respondo “O Japão, queridos... Sempre o Japão”. Lá para fins de fevereiro desse ano, em uma conversa com um amigo que também se formou no Japão – em meio às lamúrias da falta de oportunidade e das dificuldades de ser um doutor em lugares que não se mostram muito abertos para doutores, mesmo sendo as nossas casas –, soube de uma novidade... Um projeto... O mesmo projeto no qual trabalhei no mês anterior a voltar para o Brasil (lá no Japão). Uma vaga ainda estava aberta para 10 meses de trabalho na África...

Dúvidas, discussões, dúvidas, lamentos, dúvidas, esperanças, dúvidas, projetos... Já disse dúvidas? A organização de um casamento à distância, valhei-me secretária-representante-administradora-mãe... A organização de uma vida pós-casamento à distância... Visto tirado às pressas, passagem comprada às pressas... Tudo corrido, tudo suado. Ajuda de muitos amigos queridos. O pensamento focado em construir um futuro, que agora não vai ser mais só meu, seremos dois em um... E a vantagem de ter O Cara dando aquele empurrãozinho quando as coisas não pareciam ir bem.

E aqui estou eu, na África. Minha primeira vez no continente da origem... E quem diria que ia ser algo tão definitivo, né? 10 meses morando aqui, trabalhando e pesquisando aqui. Pela primeira vez uma pesquisa sobre a África. Relacionada com a pesquisa anterior sim, um pouco de ONU na jogada, mas minha primeira conexão africana.

O lugar? Bloemfontein. A fonte das flores. A cidade das rosas. A capital judicial da África do Sul (uma das três capitais, na verdade – junto a Pretória e Cidade do Cabo). Uma grande pequena cidade, com muitos shoppings, poucos prédios e cercada por fazendas. Nenhum Burguer King, nenhum Starbucks, mas um McDonald’s, um mercado de fim de semana muito legal, pessoas incrivelmente simpáticas e uma universidade fantástica. Comparada com Johanesburgo, onde estive no mês passado, Bloemfontein é muito pequena. Mas isso salva cidade de índices elevados de violência, garante o menor índice de poluição atmosférica do país e ainda dá de presente para os habitantes a melhor qualidade de água da África do Sul.

Durante esse primeiro mês não tive muitas chances de explorar meu novo endereço no planeta. A espera pelo primeiro salário é sempre angustiante. Mas pude ver algumas coisas que, em geral me intrigaram e também agradaram, na maior parte. A África do Sul é um país de pessoas amigáveis, felizes, simpáticas. Existem os “cara de orifício anal”? Existem, mas são a minoria. E não há um sorriso bem dado que não arranque um sorriso igualmente bonito. Sinto-me em casa nesse continente, realmente acho que herdamos a parte boa daqui.

Ao mesmo tempo, as semelhanças com o Brasil também são grandes no sentido não tão bom da coisa. Como na saga da academia, por exemplo...

Há três semanas encontrei a academia do campus. Isso, em si, já foi uma saga. Todos (ou uma parte das pessoas) sabem que a academia existe, ninguém sabe onde fica. Levei duas semanas para achar o lugar. Quando encontrei, achei muito legal; as academias aqui do Brasil, ops, da África do Sul são muito parecidas com as academias da África do Sul, ops, do Brasil. Cheguei na secretaria e perguntei sobre a inscrição e fui informada que só acontece às sextas-feiras. ”Ok! Volto na semana que vem!”, respondi. Uma semana depois, lá estava eu e mais uma vez não consegui me registrar, porque, segundo o funcionário, os registros aconteciam das 10h às 11h da manhã. ”Mas não me informaram isso...”, respondi ao funcionário brasileiro, ops, sulafricano. Na semana seguinte, pra ser mais precisa, na última sexta-feira, voltei à academia para ouvir que os registros não são feitos durante o mês de julho, agora só em agosto. E, ali, me senti na África do Sul, ops, no Brasil...

Brincadeiras à parte, é bem verdade... Somos semelhantes em muitos pontos. Às vezes é impossível não fazer a comparação e fica até chato repetir sempre a frase ”É, nós temos isso no Brasil também”. Para as semelhanças boas, parece uma certa necessidade de não estar por baixo. Para as coisas ruins, fica parecendo uma eterna competição de quem está mais caído...

No meio de julho recebo visita ilustre (MÔÔÔÔ!!!!) e, aí, vou poder ver mais coisas dessa terra ainda não explorada por mim. Estou animada! Acho que esse continente tem uma certa magia, me encanta...

2 comentários:

  1. Mais uma empreitada, mais uma aventura, mais descobertas e mais experiências. Agora com um toque mais aproximado do que se tem em casa, mesmo sendo em bom e mal sentidos.
    Dificuldades, distância...mas tudo por um bem maior
    Daqui uns dias to aí, amor! Tô chegando!
    Beijos!

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  2. Herdamos, sim, muitas coisas boas da África! O abraço é uma delas! Calor humano é herança africana, sem dúvida alguma, basta dar uma chegadinha no outro continente que fez nossa história, a Europa, pra entender direitinho... ;)

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