24 de outubro de 2008

"Eu sei", eu suspirei. "A vida é complicada".

"E as garotas são cruéis", Mike disse por baixo do fôlego.

Voltei e li mais uma vez aquele diálogo. Era tão familiar... Meus olhos se encheram de lágrimas e percebi a explicação. Sempre me perguntei por que uma história tão adolescente mexia tanto comigo, me fazia pensar tanto sobre a minha vida. E descobri! Estava ali o tempo todo! Aquela menina era eu! Ela sofria por amor, um amor impossível, um amor proibido, ou pela falta dele. Aquele que a amava não era correspondido; pelo menos não do jeito que ele gostaria, era só um grande e amado amigo.

E aquele momento era tão propício para refletir sobre a vida. Estava tudo junto. Dor, angústia, preocupação. Escondidos por trás de uma fina camada de alegrias, que não tinham força suficiente para vencer aquilo. O peso de todos aqueles sentimentos era maior do que eu podia sustentar. Levei a vida como consegui, cada dia mais angustiante do que o anterior, cada hora era uma hora a mais daquilo.

Mas veio o dia da redenção. Às vezes a dor é tão volúvel. Ela foi embora, sem nem mesmo pedir desculpas por ter estado aqui todo esse tempo, atormentando a minha paz. Não que me importe a forma como a dor se vai, quero mesmo que vá e não volte, mas páro pra pensar como é volúvel essa dor, que vem e vai sem pedir licença.

O que veio depois foi a consolação, a glória em seu mais alto patamar. Parecia mesmo um prêmio depois de tudo que havia acontecido. O amor veio, de leve, com graça e elegância. Chegou, com muita educação, pediu licença, sentou-se ao meu lado e, depois de uma longa conversa, resolveu ficar. Eu era, novamente, aquela menina. Tinha um amor, daqueles que vem, abala as estruturas, causa vertigens e toma todos os espaços. Um amor secreto e delicioso em todos os seus sentidos. Daqueles de inspirar, fazer chorar rindo e trazer o medo de perder.

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