2 de junho de 2010

For a pessimist, I'm pretty optimistic

Saindo um pouco da rotina de narrar as "nipponicidades" pra vocês, hoje vou escrever um pouco sobre mim. De nada adianta escrever sobre as coisas sem uma pitadinha do que sentimos sobre elas.

O meu Japão está sendo muito meu. Do jeitinho que eu gostaria que fosse quando sonhava estar aqui algum dia, ainda pequena, tentando aprender toscamente e sozinha alguma coisa sobre esse lado do planeta. Me lembro de quantas vezes eu e meu irmão - Júlio - dissemos que um dia viríamos pra cá e ainda sonho com o dia em que poderei mostrar tudo daqui pra ele, pessoalmente, andando no meio dessa loucura gostosa que é Osaka.

Conversando com a minha mãe, outro dia, me vi mais forte do que imaginava que estaría quando cheguei aqui. Me preparei bem pra essa viagem, pra esse momento. Foram anos de planejamento... (rs) Pelo menos é o que eu acho agora. Não vim esperando um mar de rosas, vim esperando tufões, terremotos e erupções vulcânicas; vim esperando dificuldades enormes e uma adaptação difícil; vim esperando não conseguir me virar tão bem longe da minha casa, longe da minha vida. Afinal, estou morando longe do ninho pela primeira vez...

É melhor esperar o pior do que criar uma expectativa furada de paraíso e se decepcionar. Prefiro me surpreender com as coisas boas...

Assim eu encaro o Japão com mais leveza, com mais tranquilidade. Não quero dizer que a saudade não arranque dolorosamente, a cada dia, um pedacinho da minha alma; mas fica mais fácil de controlar.

No sábado (05/06) é a entrega de espadim do Júlio, no fim do ano a formatura do João e a Bel vai crescendo e ficando linda e nunca vou me perdoar por não ter estado por perto, como sempre estive; bancando a irmã babona, tirando fotos, chorando, procurando atenta os meus motivos de orgulho o meio da multidão. Essa é a parte difícil do Japão... Ser tão longe de tantas pessoas que a gente ama. Não ter a opção de dar um pulinho ali pra ganhar o colo da irmã-melhor amiga do universo. Não ter a chance de marcar um rodízio com os mais amados ou conversar todos os dias com o mestre. Não poder tomar café com os pais e conversar infinitamente sobre qualquer coisa que venha à pauta.

Ver o guardinha tirar a bandeira todos os dias e explicar para os meus amigos o porquê lembra o meu pai. Andar pela rua e ver as crianças lembra a minha mãe. Ver as coisas legais nas ruas lembra os meus irmãos. Passar por situações "bafônicas" lembra as minhas amigas amadas. Estar na terra do Miyazaki lembra o meu amigo amado... Tudo lembra um pouco de alguém que mora no meu coração.

E essa dificuldade não é para alguns, é para todos aqui. Para os que vêm de longe e os que vêm de perto. Para os que falam português ou os que falam russo. Para os que odeiam o Japão ou para os que amam.

Ninguém, que ame de verdade, escapa da dor da saudade!

Não vejo nada de errado nessa minha nova vida. Tirando a falta dos queridos, tudo está no seu devido lugar. Novos amigos queridos, nova rotina arrasadora, coração renovado, tudo nos eixos. E assim vou levando, sorrindo e chorando. Aproveitando cada minuto dessa oportunidade louca e única, no meu atual lugar favorito do mundo.

3 comentários:

  1. ah, marina, tudo está no seu devido lugar,sim. Acredite, até mesmo a falta dos queridos. Isso é necessário pra gente ver que, mesmo ausente, o amor está ali, super-presente, no seu lugar para sempre no nosso ser.
    E,sim, vc se preparou por muito tempo. as coisas não acontecem à toa (já falamos disso, não?): vc fez por merecer tudo isso, todo o seu sonho realizado!
    que bom que vc está curtindo cada momento (os bons e os nem tanto) seu aí, isso não tem preço! e isso faz a gente crescer de uma maneira que não tem como medir!

    beijocas estaladas afundadas na sua bochecha,
    da harumi

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  2. LIIIIINDO!!!! Muito bem escrito, mostra com clareza todos os sentimentos envolvidos!! ORGULHO DA MAMÃE!!!

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  3. Ouvi isso por aí e não me canso de repetir: "a saudade é o amor que fica". Aqui ficou muitona e muitão.

    E quanto à parte prática do negócio, é o que semrpe digo: Sempre confiei em você. HAhahahahaha. Tu é foda.

    S2

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