28 de fevereiro de 2011

Vida em comunidade: Dormitório

A idéia de vida em comunidade é tão bonita, mas tão bonita, que surge uma lágrima no olho esquerdo quando penso exatamente sobre isso. Verdade, gente! Me emociono... Me emociono, na verdade, porque é a coisa mais difícil que existe e ninguém sabe fazer isso direito. Não estou me colocando como a dona da verdade, da moral e dos bons costumes, porque sou um péssimo exemplo de vida em comunidade.

Desde que me mudei para o Japão, vivo em um dormitório administrado pela JASSO (Japanese Students Suport Organization), que fica na pacata cidade de Suita, uma das cidades satélite da gigante Osaka e também localização do maior campus da Universidade de Osaka, por sua vez a segunda maior universidade do Japão.

Não cuspo no prato que comi, me lambuzei e continuo comendo, mas encho a boca para dizer que isso aqui vem me enchendo muito o saco ultimamente. O valor é mais do que razoável, considerando o valor médio do aluguel no centro de Osaka, levando em conta que somando telefone, internet, aluguel e luz, pago o que equivale a só o aluguel de um apartamento ruim no centro. As condições são mais do que boas, prédio recém reformado, limpo todos os dias, com boa administração e localização consideravelmente boa.

O grande problema desse prédio dos sonhos no meio do absurdo financeiro que significa morar em qualquer lugar desse pequeno arquipélago no Pacífico é ter
moradores. Sim, moradores. Não que não me dê com ninguém aqui, pelo contrário! Me dou muito bem com grande parte das pessoas que moram aqui comigo. Mas, mesmo assim, o choque cultural é um fator fundamental em relação ao que pode representar uma dificuldade na vida em comum. Apesar de excelente, no “dorm” compartilhamos cozinhas, banheiros e chuveiros.

Acreditem, dividir esse tipo de acomodação com culturas que não têm necessariamente os mesmos hábitos de higiene da gente é um tanto penoso. Acho que ninguém que nunca viveu esse tipo de coisa pode imaginar, por exemplo, ver uma vizinha lavar o cabelo na pia da cozinha e, dias depois, usar a mesma pia (DA COZINHA) pra lavar a LATA DE LIXO. Usar um banheiro que, em alguns dias, cheira como banheiro de bar, no lugar que você considera sua casa, também não é legal.

Vida em comunidade... O Japão me mostrou o lado negro da força.




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Por essas e outras que, de vez em quando, a gente precisa de umas férias não só do trabalho, mas dos lugares. E, seguindo esta ideologia, criada brilhantemente por mim mesma agora enquanto escrevo, amanhã volto à minha terra, que tem palmeiras onde canta o sabiá. Porque, gente, as aves (leia-se: "corvos") que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá MESMO! =)

5 comentários:

  1. Tem certas coisas que devem ser de doer mesmo. Eu mesmo na casa de família estranhava um monte de habitos, e olha q todo mundo era limpinho hehe.

    Mas na minha por exemplo não tinha toalha no banheiro, apesar de ter pia. Eu me pergunto se eles não secavam as mãos ou se nem sequer as lavavam...

    Mas fazer o que né, o que não nos mata nos deixa mais fortes (ou talvez um pouco doentes se for insalubre hehe)

    がんばって!

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  2. POIs é...a convivência!
    O Big Brother Japão é cruel com você...ele está sempre de olho e gosta de pregar umas pecinhas! Principalemente no sentido cultural!
    E não estou falando das diferenças culturais pra outros países...falo também do próprio Japão.
    Mas enfim, baby, espero que esteja tendo uma ótima estadia aí no Brasil!
    Aprecie o canto do sabiá nesse calor da Cidade Maravilhosa (parabéns pelos 446 anos, aliás)!
    Saudades!
    Bjos!

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Bom, cultura e costume não se discute,né?
    Os corvos grasnam como na Europa e na Ásia, mas jamais, JAMAIS, gorjeiarão como um SABIÁ LARANJEIRA.
    É.... esse Brasil é inigualavelmente saudoso para todos que o conhecem ou nele tem raízes. As vezes temos que ir ao Japão para ver, né?

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  5. Hahahahahahaha!!!! ADOREI!

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