17 de junho de 2011

Estereótipo

Quando estava na universidade (pra quem não sabe, me formei em História), aprendi incansavelmente sobre o erro do estereótipo etc etc. Estereotipar é tão feio pra um historiador ou para qualquer cientista social, que fica até feio fazer piadinha com samba, futebol e carnaval.

Segundo o nosso amigo Aurélio (dicionário):
estereótipo s.m. Fôrma compacta obtida pelo processo estereotípico; estereotipia, clichê. Lugar-comum; clichê, chavão. [Cf. estereotipo, do v. estereotipar]
Resumindo bem, um estereótipo é, quando relativo a um grupo de pessoas ou um país, uma imagem pré-definida dos costumes, da cultura, das práticas. Geralmente um esteriótipo parte de uma característica que se destaque mais, para quem ‘olha de fora’, entre as práticas daquele determinado grupo, mas que não é a única característica dele. O que acaba por transformar, muitas vezes (ou em todas elas), o esteriótipo em um preconceito, no sentido ruim da palavra.


O que não falta para pessoas que vivem fora de seus países de origem, são perguntas baseadas em estereótipos.

Hoje mesmo, durante o almoço, um dos meus professores japonês me disse que quando pensa em Brasil, imagina todo mundo dançando e cantando. Confesso que foi a forma mais bonitinha que já ouvi alguém falar sobre algum estereótipo brasileiro. Na maioria das vezes, as pessoas dizem que quando pensam em Brasil, imaginam todo mundo curtindo a vida, sambando e jogando futebol. E, nesse ponto, não falo só sobre o ponto de vista dos japoneses, mas também de todos os outros estrangeiros que já conversaram comigo sobre esse tipo de coisa.

O costume, infelizmente, me levou a encarar na esportiva esse tipo de coisa. Porque não é legal pensar que grande parte das pessoas imagina seu país como uma grande festa O TEMPO INTEIRO. Mas, ao mesmo tempo, procuro ver isso como um certo elogio à nossa alegria. O povo brasileiro (isso eu aprendi conhecendo pessoas de outros lugares e conversando/convivendo com elas, ok?) é muito alegre, caloroso, receptivo e amigável. E vocês talvez não possam perceber o quanto.

Porém, por um lado um pouco mais sombrio, o estereótipo pode construir situações de extrema humilhação e desrespeito entre pessoas de países diferentes. Como aconteceu entre um professor e um aluno brasileiro, aqui em Osaka, quando o dito (e maldito) professor disse que o aluno não tinha qualidade por ser brasileiro. Resumindo bem do que se tratou, o ‘respeitoso acadêmico’, por achar o Brasil um paiseco pobre e sem estrutura, disse que o aluno era ruim porque era fruto de um sistema educacional ruim. Situação desagradável? Eu diria mais! Situação de constrangimento muito feia e, do meu ponto de vista de brigona e encrenqueira, situação de probleminha internacional meio que grave. Mas tá... Queria exemplificar o ‘lado negro da força’ do esteriótipo.

A pior parte de tudo isso, porém, não é nem o que os outros pensam sobre nós brasileiros ou o que nós pensamos sobre os russos ou o que os russos pensam sobre os americanos. O lado ruim mesmo da história é quando nós mesmo construímos uma má imagem dos nossos países. Situação da qual também (e infelizmente) tenho exemplos. Como o da jovem que, ao ser questionada sobre não conhecer bem uma técnica básica de procedimento pelo professor, respondeu que não sabia porque tinha vindo do Brasil e o sistema educacional era muito ruim lá.

Ou seja, se vocês observaram bem, é a representatividade negativa que alimenta o estereótipo e acaba gerando tudo isso. O estereótipo é cíclico, unilateral e redutivo. Cíclico pelo que vocês acabaram de ler. Unilateral porque acaba sendo gerado por uma só prática que se destaca ou pelo discurso de um só grupo/pessoa que o representa. Redutivo porque reduz TODA UMA CULTURA a samba, carnaval e futebol.

Então, pensem bem antes de dizer que todo americano é burro, que todo russo é anti-social ou que mexicano é imigrante ilegal. Fica a dica!

2 comentários:

  1. Concordo com essa ideia de estereotipo ser deturpadora. Mas, tambem por experiencia propria, me atrevo a dizer que posso estereotipar mais ainda depois da convivencia e imersao cultural.
    Triste neh? Mas eu tinha uma ideia de japoneses que foi PIORADA depois de ter vindo pra ca! E, por isso, o estereotipo acabou sendo mais aguçado a meu ver...infelizmente!

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  2. Todo estereótipo é perigoso, nocivo e injusto. Perigoso, por se tratar, na maior parte das vezes, de um preconceito. Nocivo, por construir a imagem de um grupo social de forma errônea, baseado em situações que não são demonstrativo de um todo. E injusto, por causar, em GRANDE PARTE das vezes, situações de constrangimento. Todos nós somos "culpados" nesse "julgamento". Todos nós estereotipamos! Todos! Quem não pensa em África e só pensa em fome, pobreza e povo sem condições de desenvolvimento? ERRADO! Quem não pensa em Japão e só pensa em samurais e tecnologia? ERRADO! Quem não pensa em Índia e só pensa em banhos no rio Ganges e elefantes? ERRADO! Quem não pensa em Europa, ou EUA, e só pensa em sistema perfeito, funcionando às mil maravilhas? ERRADO! Basta ir lá e verificar "in loco"... Acho que o estereótipo é inerente ao ser humano e sua mania de romantizar o mundo... Certas coisas ficam mais "bonitinhas" e "interessantes" quando estereotipamos... Infelizmente.
    O que nos cabe é corrigir o estereótipo e MOSTRAR COM NOSSAS ATITUDES E NOSSA COMPETÊNCIA que não é bem assim. Que somos mais do que "bonitinhos" e "engraçados".

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