11 de outubro de 2011

[Japan Tent] Kanazawa & Nanao

A 2a grande aventura das minhas férias, ou melhor, a 3a... Porque, no meio desse tanto de viagem e exploração, parei um fim de semana em Osaka pro Summer Sonic, um festival de rock que já fiz carteirinha e vou todo ano. Mas isso fica pra um outro post. Voltando ao assunto, a 3a grande aventura das minhas férias foi o Japan Tent.

O Japan Tent é um evento organizado pelo governo da província de Ishikawa, pouco conhecida pelos estrangeiros e até mesmo pelos próprios japoneses, com o propósito de mostrar aos estudantes estrangeiros no Japão um pouco da cultura tradicional do país, além de apresentar a região. É um tipo de intercâmbio cultural, onde os estrangeiros são divididos em grupos e enviados, primeiramente, a uma cidade do interior da província por três noites e, depois, passam o resto da semana na capital, Kanazawa. Durante esse período, os estudantes estrangeiros ficam ‘alojados’ em casas de família, vivendo o dia-a-dia japonês, estudando da maneira mais proveitosa a língua [que é conversar com os japoneses] e aprendendo mais sobre o Japão. Foi minha 1a experiência com as famosas ‘host families’ japonesas e confesso que foi muito melhor do que imaginava ou fiquei sabendo através de amigos com experiências ruins nas ‘host famílias’ [como passei a chamar] deles.

Minha 1a parada em Ishikawa, depois de toda a OBRIGATÓRIA e DESNECESSÁRIA orientação, foi Nanao. E o 1o pensamento foi: ‘Fuuuu!’. Nanao é uma cidade BASTANTE pequena. Sabe aquelas cidades do interior onde todo mundo se conhece e qualquer coisinha vira o maior evento do mundo? Sim, Nanao. Quando chegamos, já imaginei uma família muito tradicional, de velhinhos ‘kibishi’ [=rigorosos] japoneses, que iam me transformar em um robô. Hahaha! Mas Nanao foi uma agradável surpresa. Cada cidade que recebia um grupo de estudantes tinha sua programação especial para acolhê-los, escolhia as melhores famílias e nos recebia de forma calorosa.

Minha ‘host família’ lá foram os Aoki, uma família de duas pessoas, ‘papi’ e ‘mami’ [não, não conseguia chamá-los de nada além de Aoki-san... sei lá, tenho mãe, sabe...? hahaha!], que trabalhavam na prefeitura, conheciam a cidade inteira e eram bastante providos de meios, vamos dizer assim. Os Aoki moravam numa linda casa tradicional, gigantesca pros padrões japoneses, com 2 andares, vários quartos e até um jardinzinho de inverno. Era realmente linda e eu fiquei encantada. A casa ficava num bairro ainda mais afastado do centro, onde realmente era a ‘roça’. Hehehehe! Aliás, fenomenal a quantidade de arroz que esse povo planta aqui! Jesus! Hehehehe!

Em Nanao, visitamos os pontos mais turísticos da cidade, vimos golfinhos nadando felizes no mar, fomos ao aquário e vimos os que não tiveram tanta sorte na vida, fizemos churrasco [japonês, ok? Nada de picanha, mas muita abóbora, frango e carna vermelha com gordura...], pescamos [eu só alimentei peixes e acho q eles adoraram comer camarão], etc. Tudo isso acompanhados pela TV local. Sim, fomos celebridades em Nanao durante todos os dias. E, quando passamos o dia com nossas ‘host famílias’, elas nos levaram pra conhecer lugares muito legais também. A minha, especialmente, foi muito legal, passeou comigo e com a minha ‘host irmã’ chinesa, nos levando pra lugares fantásticos. Só pra dar uma idéia, almoçamos em um templo, num dos restaurantes mais bonitinhos que eu já vi. Além de que, quando ‘em casa’, fazíamos as melhores refeições ever! Voltei 20 mil kg mais gorda dessa viagem.

O ruim mesmo são as despedidas... Logo quando estava me acostumando com a comidinha caseira de Nanao, fizemos as malas e voltamos pra cidade grande. Dessa vez pra conhecer nossas ‘host famílias’ no. 2 e passar o resto dos dias que nos restavam no programa de Kanazawa. Mesmo dentro de Kanazawa, ainda estávamos separados por áreas e tivemos programas diferenciados [o que me deixou meio assim, porque queria ter aula de Kyudo e não pude]. Mas, na cidade do ouro [fama de Kanazawa], nos diverimos muito; até ‘hashi’ foleado a ‘host família’ nos levou pra fazer.

Na capital, fiquei no distrito de Nonoichi-machi, uma cidade que se separou de Kanazawa há bem pouco tempo e ainda é pequenininha e nova. Em Nonoichi, minha ‘host família’ foram os Ito, dessa vez [sem menosprezar os Aoki] uma família com o tamanho que eu gosto, ou quase ele. Os Ito eram 4: ‘mami’, ‘papi’, Ren-kun (6) e Kan-chan (2). Fiquei imensamente feliz de ter crianças na família! Finalmente ia poder brincar com alguém da mesma idade mental! Hehehe! Jogamos muito vídeo game, brincamos de luta, brincamos de procurar cidades no mapa, fiz cosquinha, fingi de morta... Olha! Foi meu parque de diversões. E pude treinar mais meu japonês, porque em Nanao acabei ficando com uma menina já fluente, o que me deixou meio travada, mas em Nonoichi eu era a que mais falava [não sei como], e dava espaço pra minha ‘host irmã’ indonésia treinar bastante também, então acho que foi mais proveitoso.

Dentro do programa da cidade tivemos poucas atividades. Primeiro fomos a um sítio arqueológico, aprendemos um pouco sobre os japoneses primitivos e fizemos nossas próprias ‘tama-dama’, uma pedra polida que esses povos primitivos usavam para proteção. Também tivemos uma festa de boas-vindas muito boa. No mesmo dia do sítio, minha ‘host família’ teve um compromisso e fomos obrigadas a roubar a ‘host família’ de outras duas meninas, ou melhor, nos juntar a eles. E foi muito legal! Tirando o fato que era uma família mais velha e eles convidaram várias velhinhas japonesas que nem sempre fazem comentários simpáticos, foi FENOMENAL! Tivemos um banquete de almoço, fizemos origami, cantamos em japonês, vestimos ‘yukata’ [=kimono de verão] e... TIVEMOS UMA AULA DE ‘SHAMISEN’! Vocês sabem o que é um ‘shamisen’? Please Google it! Sério, gente! Agora! Porque vocês precisam saber. A ‘host mamãe’ chamou uma professora que devia ter 160 anos pra dar aula pra gente e foi muito lindo. Uma experiência que eu nunca mais vou ter na vida. Mais tradicional que isso, só depois que inventarem a máquina do tempo...

No último dia em Kanazawa, passeamos com nossas ‘host famílias’, tivemos evento e fui escolhida como uma das embaixadoras do Japan Tent. É como se fosse uma representante do evento quando eles precisarem de algo relativo ao Brasil. Legal, né? Me senti até importante. Hehehe! E, no fim desse evento, rolou uma super festa com barraquinhas com comidas de vários lugares do mundo! Uma delícia! Comi um churrasquinho maravilhoso...

O dia seguinte foi dia de despedidas, de novo, chorei muito me despedindo dos meus pimpolhos e da ‘okaa-san’ [lá chamávamos de ‘okaa-san’ e ‘otou-san’ mesmo, por causa das crianças]. Ela também chorou muito, foi bonitinho. As crianças também não queriam nos largar. Acabei me ligando muito a eles e pretendo manter contato sim. Já até telefonei pra lá um dia desses... Hehehe! E, segundo eles próprios, ano que vem recebo visita e vou ter que acompanhar certos pimpolhos ao Universal Studios. Hehehehe! E vou com muito prazer.

O Japan Tent foi uma experiência maravilhosa de aprendizado, convivência, linguagem, além de ter sido bom, depois de um tempão longe de convivência familiar, ter tido ‘irmãos mais novos’ e ‘pais’ por perto. Já fica super recomendado pra quem um dia quiser vir estudar no Japão.

2 comentários:

  1. Que linda sua viagem :D

    Agora que entendi por que vc passou aquela temporada no interior...

    Esse tipo de experiência deve ser fantástica... Ainda mais pra uma pessoa como você, que já é maravilhosa.

    Só fico feliz em te ver feliz e crescendo :D

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  2. Ainda não tinha lido esse post!! Q viagem legal!! É como já tinhamos conversado: experiência pra nunca esquecer! Histórias pra contar pra netos e bisnetos! =D

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