24 de julho de 2016

Voltar dos mortos, um novo começo

É engraçado. Sempre "volto dos mortos", mas nunca em um sentido amplo. Hoje eu volto dos mortos de uma forma mais real. Não, não estava em coma ou doente ou morrendo. Mas acredito que espiritualmente sim. Muito de mim esteve morrendo desde o meu último post e publicar o que vou publicar agora foi uma luta/vitória. Aprendi muito, vivi muito, chorei muito, sofri muito, sorri bastante, amei sem fim. Mas só agora, hoje, me sinto livre pra ser feliz e mudar o rumo.

Não estou plena, não me livrei de fantasmas, ainda não atingi a maestria na arte de ser firme no que considero melhor para mim. Lembranças me assombram, tenho pesadelos bizarros, o coração dói. Vejo fotos e tenho lembranças que me deixam desconfortável. Mas minha cura está em reconhecer que não foi bom, não foi como deveria ter sido e que eu preciso superar muito. Está também em olhar para trás e reconhecer meus erros, minhas infantilidades e a malícia de algumas pessoas.

Grande parte do crescimento pessoal está em saber ler as pessoas. E como eu sou falha nesse quesito. Quantas vezes fui "língua solta" demais, acreditei demais, duvidei de más intenções, demorei a tomar atitudes contra o que me incomodava.

A grande sacada da malícia, do assédio (de qualquer tipo), da falta de consideração, do abuso de poder é que tudo isso te faz duvidar dos seus sentimentos, do seu incômodo. Será mesmo que as intenções são ruins, não sou eu que estou exagerando? Ele(a) sempre foi tão legal, será que ele(a) realmente tem controle dessas coisas? Será que ele(a) realmente tá dando em cima ou tá só querendo ser meu (minha) amigo(a)? Ele(a) disse que "gostava muito e era muito amigo de fulano(a), mas...", deve ser verdade, né? Meu Deus, ele(a) quase chorou, deve ser verdade, né? Não, ele(a) não faria isso, faria?

Eu sou ridiculamente falha. Erro muito, mesmo. E sinto uma baita vergonha. Mas um os meus erros se confunde muito com virtude. Eu estabeleço vínculos com quem eu devo e com quem eu não devo. Isso me atrapalha profissionalmente, tira de mim uma frieza que talvez seja a chave do sucesso. Não sei. Quando o trabalho gera um falso vínculo de amizade, a decepção é certa. A explicação chega a ser boba... Um falso vínculo de amizade faz com que você confie e acredite em reciprocidade. E é aí que a brincadeira acaba.

Não existe reciprocidade, não existe almoço de graça. A consideração que se dá não é a que se recebe e tudo que for dito pode e será usado contra você. Ninguém que te aconselha a questionar ou brigar com alguém (do qual se diz muito amigo, amigo de anos, amigo irmão) é uma pessoa legal, por mais que essa pessoa diga conhecer o outro muito bem. Ninguém compartilha, de forma pejorativa, detalhes da vida pessoal de pessoas que diz gostar pra ser engraçado. Ninguém menospreza e diminui um suicídio só de brincadeira. A consideração e identificação dura enquanto durar sua submissão à vontade as pessoas. Mijou for do penico, amigo? Não importa o quanto você pode ter ajudado ou sido um bom profissional antes, ali acaba o amor e começa o inferno.

E esse é o grande mal dos nossos tempos, da nossa vida profissional "moderna" e "evoluída". Nos tornamos tão atrelados à necessidade de contatos, dinheiro, posição, emprego, que passamos a nos submeter a determinadas coisas e sorrir quando em situações totalmente bizarras. Falo da minha experiência na área acadêmica, mas não duvido que a mesma realidade se repita para muitas carreiras (senão todas). O mundo de hoje é cão, pitbull criado em vala sem luz e sem comida.

Quase coloquei muita coisa a perder por essa ideia errada de que eu precisava daquilo, precisava ser bacana, precisava de contatos, tinha uma dívida com não-sei-quem etc.

Mas deixa eu te contar umas verdades... Tem gente que torce o nariz pros seus contatos, porque você se liga cm gente sem noção e mal-vista. Tem gente que te responde sem você precisar ser indicado, tem gente de carne e osso, daquelas que a gente conversa como os seres humanos fazem desde as cavernas. Tem gente que não vale a pena tentar atingir no alto da torre de marfim, porque não vai te acrescentar nada e nem o "grande nome" vai te dar qualquer vantagem.

Tive que sofrer dores imensas para me convencer de que o tempo te tira muito e não vai ser o teu colega de trabalho ou o teu chefe que vai valorizar seu "grande esforço profissional" de continuar trabalhando mesmo estando péssimo. Ninguém se lembra de onde veio ou as trevas que teve que atravessar, quando a vida tá bacana; todo esforço e sofrimento para atingir um objetivo se torna nada mais do que uma obrigação quando enxergamos de cima. As escolhas sempre foram minhas e eu nunca me arrependo delas, fazem parte do todo, ensinam. Mas dizer que foi tudo muito legal seria mentir até para mim mesma.

Meu remédio veio quando resolvi que era um absurdo me submeter às vontades irracionais e aos pedidos interesseiros de quem provavelmente esqueceu o que é viver longe de casa ou talvez nunca tenha vivido. Talvez a decisão e o método não tenham sido os melhores, mas ainda assim me decepcionei com os desdobramentos de tudo. No fim, quem se dizia amigo rapidamente tornou-se colega/chefe e aqueles que falavam mal dos outros passaram a falar mal de mim. O que esperar de pessoas que fizeram isso com outros, com os tais "amigos-irmãos" e pessoas "queridas"? Ilusão a minha. E mais uma vez vivi a dúvida e o questionamento dos meus próprios princípios, a insegurança e o medo de ter destruído tudo que deu tanto trabalho pra construir.

E quantos não foram os choros doídos, as broncas, os sonhos bizonhos (como os que tive até recentemente), os abraços e os consolos daqueles que realmente são amigos, colegas, familiares e parceiros nessa vida, até que eu começasse a confiar nas minhas escolhas e no meu taco de novo? Quantas vezes não precisei repetir pra mim mesma que nem tudo estava perdido? Quantas tentativas de retomar qualquer tipo de trabalho foram arruinadas por um medo ou bloqueio inexplicável? Quanto tempo foi jogado fora?

Não. Chega. A volta dos mortos começou com o meu casamento (num próximo post) e, depois, com a ida ao Japão, há um mês. Começou quando resolvi que essa Marina tem capacidade de decidir com quem ela quer se relacionar, com quem ela quer continuar a trabalhar, com quem ela tem interesse em estabelecer relações. Não mais presa às necessidades burras de lamber o chão de qualquer um que apareça com promessas vazias ou ao pensamento de que não vou evoluir se não me sujeitar a certas coisas.

Palavras são vento... Vou realizar e ver realizarem antes de qualquer outra coisa.

2 comentários:

  1. Minha linda imagino que essas palavras tenham sido um bálsamo e um alívio. Um meio de reflexão e auto-conhecimento que estão te ajudando a crescer mais e mais. Muitas vezes esse crescimento e o amadurecimento vêm com lições, tombos e dores.
    Mas os louros hão de vir e o seu lugar ao sol está sendo construído. Desde os tempos sombrios que lhe fizeram abrir seus olhos pra esse momento que vive.
    Estarei ao seu lado pro que for!
    Te amo!
    E vamo que vamo!

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  2. Olha eu lendo quase um ano depois! HAhahahahha

    Vou resumir meu comentário: CONFIA EM VOCÊ. Você é maravilhosa, amiga. Eu confiaria a minha vida à você, e dou muito valor à minha vida. Você não é pouca merda não. Se conscientize do bem que você faz ao mundo, e da sua incapacidade de cagar as coisas (simplesmente pela pureza do seu coração). Use sua inteligência para antever coisas e comportamentos dos outros. E se precisar de um conselho, tô sempre aqui.

    E pra porrar esse bando de arrombados que cruzam nosso caminho e sacaneiam a gente, tb tô! Hahahahahahahha

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